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Semaglutida: o que é o remédio para emagrecer, indicações e riscos

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Médico endocrinologista Guilherme Renke explica por que medicamento recentemente aprovado pela Anvisa não deve ser usado sem receita médica

A Anvisa liberou o novo medicamento “Wegovy” (semaglutida 2,4mg), que possui o mesmo princípio ativo do já conhecido Ozempic, na última segunda-feira (2/1). A diferença é que agora esse novo medicamento é específico para o tratamento da obesidade. Mas ele oferece riscos se não for bem prescrito, e por isso é bom sempre reforçar: a semaglutina 2,4 mg não deve ser usada sem receita médica.

Provavelmente você já ouviu essa frase: “Minha amiga emagreceu muito fazendo uma injeção na barriga…” A frase se refere a medicamentos da classe dos chamados análogos do GLP-1, que são utilizados para o tratamento de obesidade, sobrepeso e no diabetes 2 (as substâncias disponíveis no Brasil são a Liraglutida, a Dulaglutida e a Semaglutida). No entanto, infelizmente não é incomum pessoas que fazem automedicação com essas substâncias para “emagrecer”, sem saber suas indicações ou seus riscos. Então vamos entender.

Organismo produz principio ativo (GLP-1) naturalmente

O peptídeo-1 semelhante ao glucagon (GLP-1) é um hormônio gastrointestinal liberado em resposta à ingestão de refeições e melhora a secreção de insulina pelo pâncreas. A secreção de GLP-1 é desencadeada imediatamente após a chegada de nutrientes no intestino (ocorre dentro de 15 a 30 minutos em humanos após as refeições).

O GLP-1 estimula a secreção de insulina das células b do pâncreas, fazendo com que a glicose absorvida pelo epitélio intestinal seja absorvida pelos tecidos periféricos através da ação da insulina. O efeito estimulador do GLP-1 na secreção de insulina é conhecido como “efeito incretina”, que depende das concentrações plasmáticas de glicose. Além desse efeito, o GLP-1 reduz o apetite hedônico (quando se come por questões não por fome, mas como forma de recompensa ou de punição). Isso faz com que pessoa consuma e deseje menos alimentos, em especial os ricos em carboidratos.

Exercício físico aumenta secreção do GLP-1

 

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Estudo recente investigou o efeito do treino intervalado de alta intensidade (HIIT) e do exercício contínuo de intensidade moderada na secreção do GLP-1, no apetite e na ingestão alimentar. Foram encontrados níveis mais altos de GLP-1 após 1 hora de exercício tanto no HIIT como no exercício contínuo. A fome foi mais reduzida imediatamente após o HIIT em comparação com o contínuo (p <0,01), mas não foi sustentada após a primeira hora. No entanto, ambos os protocolos de exercícios não tiveram impacto na ingesta alimentar total dos homens estudados.

Indicações para uso do semaglutida 2,4 mg

 

  1. Indicado para tratar diabetes 2 quando dieta e exercícios sozinhos não são suficientes para o controle da glicemia;
  2. Pode ser usado em combinação com hipoglicemiantes orais e/ou insulina basal quando estes, em conjunto com dieta e exercício, não alcançaram um controle glicêmico adequado;
  3. Indicado para tratamento da obesidade, sobrepeso e nos pacientes com síndrome metabólica.

 

Contraindicações e riscos para a saúde

 

  • Não deve ser usado em pacientes com diabetes 1 ou para o tratamento de cetoacidose diabética;
  • Pode gerar alteração do trânsito intestinal: náuseas intensas, diarreia e vômitos;
  • Risco de pancreatite, especialmente em pacientes que utilizam algumas classes medicamentosas e consomem álcool;
  • Desidratação: há risco potencial de desidratação relacionado a efeitos colaterais gastrointestinais pela depleção de fluido;
  • Hipoglicemia: não há risco, exceto se paciente fizer uso em combinação com sulfonilureia ou insulina basal;
  • Risco de colelitíase (pedra na vesícula): no estudo SCALE, o análogo do GLP-1 em alta dose para o tratamento da obesidade aumenta risco de eventos da vesícula biliar (2,5% X 1% placebo). Outra meta-análise recente observou um risco aumentado de 28% para colelitíase com análogos do GLP-1.

 

De fato, o grande problema dos análogos do GLP-1 em geral não está no uso para o paciente com acompanhamento médico regular, mas sim naqueles que fazem seu uso sem prescrição médica. Os medicamentos são uma reposição hormonal e, portanto, têm riscos inerente. Mas infelizmente são vendidos livremente nas farmácias, sem receita médica. Os medicamentos possuem uma vasta lista de interações medicamentosas, em especial a Dulaglutida, que podem gerar efeitos indesejados ou, pior, potencializar ou inibir a ação do fármaco.

Tenha sempre acompanhamento médico regular e jamais coloque a sua saúde em risco fazendo uso de qualquer medicamento, fitoterápico ou suplemento sem a orientação do seu médico e nutricionista.

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Referências:

* As informações e opiniões emitidas neste texto são de inteira responsabilidade do autor

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