Política
No Rio, Lula critica Bolsonaro e diz que governo deve levar saúde, educação e lazer às comunidades
Candidato do PT à Presidência realizou ato no Complexo do Alemão acompanhado de políticos aliados e de lideranças comunitárias.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato do PT à Presidência da República, realizou ato de campanha nesta quarta-feira (12) no Complexo do Alemão, no Rio de Janeiro.
Lula declarou que a polícia não resolve todos os problemas das comunidades e que essa tarefa cabe aos governos, que devem levar “educação, saúde, lazer e cultura” aos moradores.
Lula foi ao Alemão acompanhado de políticos fluminenses, incluindo o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD). Na terça, Paes também esteve com Lula em campanha na Baixada Fluminense. O petista conversou com lideranças comunitárias e, depois, percorreu ruas da cidade e fez discurso em um carro de som.
“Esse país vai voltar a dizer que não vai ser a polícia que resolve os problemas na comunidade. Quem resolve os problemas da comunidade é o Estado. Fazer aquilo que tem que fazer, trazendo educação, saúde, lazer e cultura”, disse o candidato nesta quarta.
Lula declarou que pretende “cuidar da creche à universidade”, já que dinheiro na educação é um “investimento”. O candidato ressaltou a importância de escolas em tempo integral na segurança das crianças.
“A questão da escola em tempo integral é uma necessidade, não apenas para as crianças serem cuidadas na escola, mas para evitar que balas perdidas matem crianças brincando nas ruas como acontece neste país”, afirmou Lula.
Lula também disse que, caso seja eleito, seu governo trabalhará para aumentar os trabalhos com carteira assinada e para que haja mais crédito disponível aos microempreendedores. O ex-presidente defendeu reajuste “justo” para as aposentadorias e o combate à violência contra mulher.
“Nós iremos construir um país onde, em vez de armas, a gente distribua livros. Em vez de ódio, a gente distribua amor, onde o salário mínimo vai voltar a aumentar todo ano, onde os aposentados vão ter um aumento justo, onde a gente vai cuidar das pessoas com muito carinho, sobretudo acabar com o feminicídio, porque mulher não é objeto de cama e mesa. Mulher é muito importante”, afirmou.
Lula ainda criticou seu adversário, o presidente Jair Bolsonaro (PL), ressaltou que o governo petista executou mais obras nas comunidades e pediu para que nordestinos não votem no atual presidente. Após o primeiro turno, Bolsonaro associou a vitória de Lula no Nordeste ao analfabetismo na região.
Políticas públicas
Antes do ato nas ruas do Complexo do Alemão, Lula esteve no Voz das Comunidades, organização não-governamental (ONG) e jornal comunitário criado em 2005. O fundador do Voz das Comunidades, Rene Silva, foi escolhido pela Revista Forbes Brasil como “exemplo de um time que está reiventando um país” e em 2018 ganhou o prêmio em Nova York da organização Mipad (Most Influential People Of African Descente), concedido a pessoas afrodescendentes influentes.
Em entrevista ao Voz, Lula afirmou que é preciso valorizar a cultura das comunidades e que as políticas públicas não podem ficar restrita à área de segurança pública.
“O problema das comunidades mais pobres do Brasil é que o Estado só aparece quando tem um problema para resolver, achando que a polícia é a solução. Quando na verdade a solução é a presença do Estado no cotidiano. O Estado tem que estar na educação, tem que estar na saúde, tem que estar na cultura, tem que estar no lazer, na coleta de esgoto, no tratamento de esgoto, tem que estar presente 24 horas por dia”, disse o ex-presidente.
Lula declarou que a a polícia não é a “única solução” nas comunidades. Para o petista, prefeituras, governos estaduais e governo federal devem, juntos, desenvolver ações para atender as periferias do país.
Segundo turno
Lula enfrentará o presidente Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno da eleição, marcado para o próximo dia 30. O petista ficou à frente no primeiro turno, quando recebeu 57,2 milhões de votos (48,43%) contra 51 milhões de Bolsonaro (43,20%).
Nos últimos dias, Lula concentrou agendas no Sudeste. No Rio de Janeiro, por exemplo, o ex-presidente conseguiu o apoio do prefeito da capital, Eduardo Paes (PSD), e do prefeito de Belford Roxo, Waguinho, que também preside o União Brasil no Rio.