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Nada de moderno, nada de futuro!

O brasileiro é um oportunista, ele sabe que pouco importa quem traz a felicidade, o que importa é que ela exista e seja compartilhada.

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Foto: Divulgação

 

Estamos tão alarmados com o que temos visto e o que, certamente teremos mais pela frente, que nossos olhos e sentimentos estão no hodierno, porém também sabemos que não teremos futuro se não olharmos o que fizemos lá atrás.

De 13 de fevereiro a 17 de fevereiro de 1.922 foi realizado no Theatro Municipal de São Paulo a chamada Semana de Arte Moderna de São Paulo que oficializou o Modernismo no Brasil.  Gente como Oswald de Andrade, Mario de Andrade, Anita Malfatti, Di Cavalcanti, o carioquíssimo Heitor Villa-Lobos, Víctor Brecheret, Graça Arranha, Menotti Del Pichia, Guilerme de Almeida, entre outros.

Uma gente que vinha da elite paulistana e paulista que fundavam um novo Brasil que bebia na industrialização que foi montada pelo sucesso do Convênio de Taubaté, qual fazia o Brasil crescer tanto como os Estados Unidos naquela época.

Hoje, o Brasil e o planeta estão enfrentando os dilemas da pós-modernidade que desmonta tudo e transforma nossas convicções sólidas em líquidos que escorregam por nossas mãos, mas tem gente mandando que não aceita nem o modernismo e quer aprisionar o tempo numa jaula de grades móveis. Não chegou nem no iluminismo ou quer nos enganar que sabe o que é.

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O Manifesto Antropofágico buscava mostrar que tínhamos que receber a cultura de fora, europeia, marca do Ocidente de então, mas que tinha que se juntar com a nossa e montar algo único – foi dito que o que interessava não éramos, na verdade, nós, mas o outro.

“Só a Antropofagia nos une. Socialmente. Economicamente. Filosoficamente. Única lei do mundo. Expressão mascarada de todos os individualismos, de todos os coletivismos. De todas as religiões. De todos os tratados de paz. Tupi, or not tupi that is the question. Contra todas as catequeses. E contra a mãe dos Gracos. Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago.”  O Manifesto é de maio de 1.928, porém representava o que surgira como movimento, ainda, e não como ideia consolidada como se viu até o final daquela década.

O modernismo brasileiro dizia que “só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago”. Antropofagia é aquilo que se alimenta de sua própria espécie. Naqueles idos era fundamental aprender, numa visão mais radical, devorando e se incorporando do que se tinha dentro de si e do outro. Não é possível entender a dimensão cultural de um povo se ele não se vê no outro, respeitar o outro.

O brasileiro é um oportunista, ele sabe que pouco importa quem traz a felicidade, o que importa é que ela exista e seja compartilhada. Pouco importa se o governo é vermelho verde ou amarelo, é importante que ele traga felicidade geral. O bolsonarismo tem ideias que não juntam, espalham, mas se ele tivesse se associado com a felicidade teria vida longa, mas não é o que se vê.

A Semana de Arte Moderna de São Paulo celebrava um Brasil que sai para o novo. O bolsonarismo que deseja, em nome de um imaginado conforto, aprisionar o passado no presente não aceita, na prática, o outro e não sabe, e nem quer, se alimentar de si e do outro em nome de algo novo. Pensa o passado e trabalha para destruir ou desestimular a cultura que fizemos até aqui, em nome de algo que não resolve, nem o presente, em imaginar o futuro.

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Estamos aturdidos com o presente e o iminente porvir, mas ao olharmos o nosso passado vemos que os poderosos da vez dão sinais claros que estão incapacitados para os desafios de nosso povo, infelizmente.

Por Genésio Araújo Jr, jornalista.

 

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