Tecnologia
Elon Musk quer fim de exércitos de bots no Twitter
O bilionário comprou o restante das ações do Twitter por 43 bilhões de dólares
VANCOUVER, CANADÁ (FOLHAPRESS) – “Twitter é uma praça pública e importante para o futuro da civilização”, disse o bilionário Elon Musk num evento no TED nesta quinta-feira (14), horas após anunciar sua oferta de compra da rede social por mais de US$ 40 bilhões (R$ 190 bilhões).
Numa entrevista com o organizador do TED, Chris Anderson, Musk disse que quer acabar com os spammers e os exércitos de bots que inundam a plataforma. “Se eu tivesse um dogecoin para cada scam de crypto eu já vi”, disse, rindo.
“Acho que o Twitter é importante para o funcionamento da democracia e funcionamento dos EUA como país livre e para outros países livres também”, complementou.
Ele voltou a defender sua proposta de compra da empresa como uma defesa da liberdade de expressão. “As pessoas precisam ter a percepção que podem falar com liberdade dentro dos limites da lei”, disse Musk. “Será livre o quanto for razoavelmente possível.”
O bilionário também defendeu que o algoritmo da rede seja exposto, como forma de informar os usuários de que algum tuíte foi alterado para ser promovido.
“Ter tuítes promovidos misteriosamente sem saber o que está acontecendo, ter uma caixa preta de algoritmos para palavras e outras coisas, acho que poder ser muito perigoso”, continuou.
“Se for uma área cinza, deixe o tuíte existir, mas no caso de muita polêmica, você não precisa necessariamente promover esse tuíte”, disse. “Não estou dizendo que tenho todas as respostas. Mas acho que queremos ser bem mais relutantes em deletar coisas e ser muito cuidadosos com banimentos permanentes, acho que ‘timeouts’ são melhores.”
O dono da Tesla e da Space X ofereceu US$ 54,20 (R$ 255) por ação, de acordo com um documento regulatório divulgado pelo próprio Musk na própria rede social, em sua conta com mais de 81 milhões de seguidores.
O valor é 38% maior que o preço da ação em 1º de abril. Às 15h, a ação era negociada por US$ 45,73.
“Não será perfeito. Haverá alguns erros. E espero que não seja tão ‘miserable’ [triste, mesquinho] assim”, disse, respondendo a pergunta de Anderson de que, no passado, Musk havia afirmado que nunca compraria o Twitter porque seria “miserable” demais.
Musk disse que tem “ativos suficientes” para realizar a compra e, ao ser questionado se teria um plano B caso a oferta seja rejeitada, ele afirmou que sim, mas não quis dar detalhes.
O executivo disse que não pretende monopolizar ou maximar sua participação, mas trazer o maior número possível de shareholders. “Tecnicamente posso pagar (…) mas não seria um jeito de fazer dinheiro”, disse.
“Meu forte senso de intuição diz que ter uma plataforma pública que é confiada ao máximo e que é amplamente inclusiva é algo extremamente importante para o futuro da civilização. Não dou a mínima para a parte financeira.”
“Um bom sinal de que há liberdade de expressão é quando alguém que você não gosta tem permissão de dizer algo que você não gosta.”
Questionado se ele tem um plano B caso a oferta seja rejeitada, ele disse que sim, mas não quis dar detalhes.
Musk é o maior acionista do Twitter desde o final de março, quando comprou uma participação da empresa de mais de 9%. A rede chegou a anunciá-lo como membro do conselho, mas Musk rejeitou a oferta.
A apresentação de Musk no TED aconteceu na última sessão do evento com palestrantes bastante ecléticos.
O bilionário falou depois do monge Yongey Mingyur Rinpoche, que ensinou a plateia a meditar, e da dupla de brasileiros Leo Lanna e Lvcas Fiat, que falaram sobre diversas espécies de louva-deus registradas em missões noturnas nas florestas brasileiras.