Cultura & Arte
Brasileiro publica estudo sobre a navegação celeste realizada pelos europeus da Idade do Bronze
Pesquisa aborda como as redes de comércio e intercâmbios culturais que ocorreram no mundo antigo e indica que a navegação por estrelas já era utilizada mil anos antes das primeiras menções históricas
São Paulo, abril de 2023 – O pesquisador brasileiro de arqueoastronomia, Alessandro Berio, realizou um estudo inovador que pode mudar a compreensão de como a navegação marítima pode ter conectado as culturas da Idade do Bronze no Mediterrâneo. A pesquisa, que foi recebida com destaque na conferência EAA 2022 (European Association of Archaeologists), descobriu evidências de que a antiga civilização Minoica, florescida em Creta de 2.600 a 1.100 a.C, pode ter usado técnicas de navegação celeste semelhantes às empregadas pelas culturas Polinésia e Micronésia.
O pesquisador carioca nasceu em uma família de artistas, como neto do compositor italiano Luciano Berio e sobrinho-neto do dramaturgo Nelson Rodrigues, ele desenvolveu uma carreira de sucesso como empresário de tecnologia e designer para várias empresas no Vale do Silício e grandes estúdios de Hollywood.
Trabalhar nessa área lhe permitiu viajar pelo mundo e visitar locais sagrados de Gizé a Machu Picchu, inspirando-o com a paixão de sua vida pela arqueoastronomia. Com as suas evidências, a pesquisa de Alessandro tem o potencial de mudar essas percepções de redes comerciais, intercâmbios culturais e navegação marítima no mundo antigo.
O pesquisador desenvolveu uma nova metodologia para examinar essas orientações dos palácios ao longo das direções de navegação, usando recursos de medição tradicionais de arqueoastronomia e unindo-as com reconstruções astronômicas do céu da época e reunindo essas informações com estudos de climatologia e etnografia dos povos da Polinésia e Micronésia. Os resultados sugerem que os Minoicos usaram “caminhos estelares” ou constelações lineares (conhecidas na navegação estelar Polinésia tradicional como kaveinga) para chegar a cidades na área do Mediterrâneo, muitas das quais têm evidências de artefatos Minoicos.
De acordo com o estudo, a análise mostrou que o eixo dos palácios Minoicos estava orientado para o nascer ou pôr de importantes estrelas de navegação, que podem ter ajudado os marinheiros a navegar para os movimentados destinos comerciais do Levante e do Egito. A orientação desses palácios simbolizava a relação especial de Creta com centros comerciais estrangeiros e o controle que as elites locais exerciam sobre rotas marítimas específicas.
Este estudo fornece um vislumbre do ambiente econômico e marítimo da cultura Minoica e o papel que a navegação celeste desempenhou na ascensão desta antiga civilização – a primeira na Europa e conclui que os pátios centrais dos palácios estavam alinhados principalmente em direção a importantes caminhos estelares voltados para empórios costeiros distantes, como Byblos e Sidon. Esta pesquisa trata sobre as redes de comércio e intercâmbios culturais que ocorreram no mundo antigo e indica que a navegação celeste já era utilizada mil anos antes das primeiras menções históricas na Odisseia de Homero.
Como um próximo passo para comprovar as descobertas, o brasileiro se unirá a um arqueólogo marítimo dos EUA para reconstruir um barco Minuano, sem materiais modernos, e navegá-lo de Creta até o Líbano usando as técnicas do Polinésios de navegação celestial.
SOBRE O PESQUISADOR
Alessandro Berio é um pesquisador especializado em arqueologia e astronomia, que combina seus interesses na história antiga e nas estrelas. Ele se formou com méritos na Escola de Artes Cinematográficas da USC e fez cursos de astronomia e antropologia. O pesquisador é mestre em astronomia cultural pela Universidade de Gales Trinity St. e arqueologia micênica pela Universidade de Oxford. Acesse: http://ber.io/research.