Saúde
Saúde alerta para prática de atividades e momentos de lazer para prevenção à transtornos mentais
Ângela Costa
Logo no início do ano a campanha nacional Janeiro Branco chama a reflexão sobre a saúde mental da população com o tema “A Vida Pede Equilíbrio”, voltada para a prevenção de doenças decorrentes do estresse, incluindo os transtornos mentais mais comuns, como depressão, ansiedade e pânico. Na Rede Municipal de Saúde da Prefeitura de João Pessoa os profissionais incentivam a adoção de atividades físicas e de lazer como instrumentos terapêuticos para melhoria da qualidade de vida e da preservação do corpo e da saúde mental cotidianamente.
“Ter uma boa saúde mental implica não só em estar livre de vários transtornos mentais, mas também em ter bem-estar emocional, psicológico e social”, explica Vimário Lacerda, psicólogo clínico, organizacional, hospitalar e social do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), do bairro do Róger. Para preservar a saúde mental, é essencial manter uma alimentação saudável, sono regular, hidratação, cuidar da autoestima, dos relacionamentos e dos pensamentos, somada a prática de atividade física e lazer.
“A rotina corrida das pessoas, que, muitas vezes, envolve trabalhar, estudar, limpar a casa, cuidar dos filhos e dos pets, pode impedir que sobre tempo para os momentos de lazer. O que muitos não sabem é que o lazer vai muito além de meramente relaxar. Na verdade, é uma forma de cuidarmos da nossa saúde mental. Essa prática pode aumentar a sua expectativa de vida em até quatro anos e meio, isso porque alivia o estresse por meio da liberação de hormônios ocitocina e do neurotransmissor serotonina, associados ao bem-estar”.
Ele avalia que a rotina corrida pode causar muito estresse e que caso não seja cuidado, uma série de complicações pode ser desencadeada, como depressão, síndrome do intestino irritável e até acidente vascular cerebral (AVC), em casos mais graves.
Vimário Lacerda relata a situação de um jovem paciente que apresentava crise de ansiedade, isolamento social e uma relação familiar ruim. Vivia trancado em seu quarto. “Passamos a trabalhar a autoestima, questões emocionais e a ressocialização. Um fato positivo foi ele ingressar na academia. Melhorou a autoestima e a interação com as pessoas, inclusive com a família. Introduzimos também atividades de lazer. Hoje vemos melhoras significativas. Deixou de ter crises de ansiedade, entrou na faculdade e vem se relacionando com vários grupos de pessoas”.
Onde ter acesso a atividade física e lazer – Seja como medida preventiva a saúde ou na adoção de ferramentas psicoterapêuticas para tratamento, os profissionais e pacientes encontram na cidade de João Pessoa diversas opções, gratuitas, para a prática de atividades físicas e de lazer, como as ciclovias em vários pontos da cidade, a Orla Marítima – com um litoral de aproximadamente 24 quilômetros de extensão (nove praias só no município), sendo que parte dele conta com calçadões e vias interditadas, pela manhã, liberada para caminhada, corrida ou passeio.
A Capital conta ainda com parques, como o Parque da Lagoa Solon de Lucena (Centro), Arruda Câmara – Bica (Róger), Augusto dos Anjos (Valentina Figueiredo) e Parques Parahyba I, II, III (Bessa), além do Jardim Botânico Benjamin Maranhão (JBBM), na avenida D. Pedro II, no bairro da Torre e dezenas de praças públicas com equipamento de ginástica, anfiteatros, pista de skate, quadras poliesportivas, pista para caminhada, parque para crianças, além de programações culturais.
Sinais de Alerta – A psicóloga Ana Karina, do Caps Gutemberg Botelho, no Bairro dos Estados, chama atenção para sintomas que podem ser considerados um alerta para a saúde mental. “Choro fácil durante muito tempo; angústia; ansiedade exacerbada que fogem das emoções sentidas e presentes no cotidiano de qualquer pessoa; perda de interesse por atividades antes consideradas interessantes; isolamento; pensamentos e ideação suicida”.
Ela cita ainda comportamento autodepreciativo; insônia ou sono irregular; queda nos níveis de energia; alterações incomuns no apetite (perda ou excesso); raciocínio lento; perda de concentração; mudanças repentinas de humor (irritabilidade e tristeza); incapacidade de cumprir suas obrigações de rotina, entre outros.
Janeiro Branco – movimento social dedicado à construção de uma cultura da Saúde Mental na humanidade com objetivo de chamar a atenção dos indivíduos, instituições, sociedades e autoridades para as necessidades relacionadas à Saúde Mental da população. O mês de janeiro foi escolhido porque é o mês em que muitas pessoas estão focadas em resoluções e metas para o ano novo. Já a cor branca, representa um quadro em branco, no qual pode ser traçada uma nova história da saúde mental, sem os tabus e preconceitos que a cercam.