São Braz anuncia nova fábrica com investimento de R$ 300 milhões e geração de 1.400 empregos na Bahia

Indústria paraibana expande operações com tecnologia de ponta e práticas sustentáveis em Conceição de Jacuípe.

A indústria alimentícia São Braz, referência no mercado nacional, anunciou um investimento de R$ 300 milhões para a construção de uma fábrica de alta tecnologia em Conceição de Jacuípe, na Bahia. Ao todo, serão 1.400 novos empregos entre diretos e indiretos. A nova unidade deverá ser inaugurada em março e se consolida como uma expansão estratégica da São Braz no Nordeste.

A fábrica contará com equipamentos de última geração, como um moinho suíço da Bühler, reconhecido mundialmente pela eficiência e precisão. A produção inicial será focada em farinha de milho, salgadinhos da linha Pippos e temperos, com possibilidade de expansão futura.

Em entrevista ao jornal A A Tarde, Leonel Freire, presidente da empresa, relevou que a escolha da Bahia foi motivada pela localização privilegiada, infraestrutura logística eficiente e um mercado consumidor robusto. “Esse investimento não é apenas territorial, mas simbólico. Representa a maturidade e a consolidação da São Braz como uma referência no setor alimentício, mantendo nossa essência nordestina”, afirmou Freire.

Fundada em 1951, em João Pessoa, a São Braz é exemplo de resiliência e inovação. Ao mesmo tempo, a diversificação de produtos, como cereais matinais, snacks e temperos, foi essencial para conquistar o mercado nacional e consolidar sua posição como gigante nordestina no setor alimentício. “Os desafios de uma empresa nordestina são maiores, mas nossa trajetória prova que o Nordeste tem potencial para alcançar o sucesso em qualquer mercado”, concluiu Freire.

A São Braz acaba de anunciar um investimento de R$ 300 milhões para a construção de uma fábrica na Bahia. O que motivou a escolha do estado?

A escolha da Bahia reflete um alinhamento estratégico do Grupo São Braz, que tem como objetivo ampliar sua presença no Nordeste e fortalecer sua atuação no mercado nacional. A localização privilegiada do estado, com acesso facilitado a mercados-chave da região, produção interna de insumos consolidada e infraestrutura logística eficiente, foi um dos principais fatores que motivaram essa decisão. Além disso, a Bahia possui um ambiente favorável para negócios e apresenta um mercado consumidor robusto. Essa combinação de fatores, aliada à nossa vontade de contribuir para o desenvolvimento socioeconômico do estado, tornou a Bahia a escolha ideal para esse investimento significativo.

O senhor já afirmou que, mais do que uma expansão geográfica, a chegada da empresa na Bahia representa um marco na trajetória da São Braz. Como o senhor vê essa expansão no contexto da história da empresa?

Desde a fundação da São Braz em Campina Grande, na Paraíba, sempre pensamos além, mantivemos o objetivo de expandir nossos horizontes e levar nossos produtos para além das fronteiras regionais. A construção da fábrica na Bahia não é apenas uma expansão territorial, mas um marco que simboliza a maturidade e a consolidação da empresa como uma referência no setor alimentício. Esse passo reforça nosso compromisso com a inovação, a qualidade dos produtos e o desejo de estar cada vez mais próximos de nossos consumidores. É uma realização que reflete a visão de longo prazo que sempre guiou a São Braz e nos enche de orgulho por ser uma empresa 100% nordestina contribuindo para a economia de nossa região

O grupo anunciou que vai investir em tecnologia de ponta na construção da unidade. Quais serão os produtos fabricados aqui no estado e o quão tecnológica será a fábrica da Bahia?

Nosso fundador, Sr. José Carlos da Silva Júnior, que nos deixou em 2021, sempre teve uma visão à frente de seu tempo no que diz respeito à tecnologia e inovação. Foi essa mentalidade pioneira que levou a São Braz, ainda nos anos 70, a ser a primeira na região Nordeste a realizar a flocagem de farinhas de milho para cuscuz. Inspirado pelas tecnologias avançadas da Europa, ele adotou o processo de extrusão, que nos tornou pioneiros também na fabricação de salgadinhos na região. No campo da gestão, sua busca por excelência o levou ao Japão nos anos 80, onde trouxe sistemas inovadores de gestão de qualidade. Seguindo essa visão, a nova fábrica na Bahia será um marco de inovação tecnológica no setor alimentício. Equipado com um moinho de última geração da suíça Bühler, reconhecido globalmente por sua eficiência e precisão, o complexo produzirá farinha de milho de altíssima qualidade. Além disso, a unidade fabricará salgadinhos de milho da linha Pippos e temperos, produtos já amplamente aceitos no mercado. Inicialmente, o foco será nesses segmentos, mas o projeto prevê a expansão da linha de produção para atender novas demandas no futuro. Com tecnologia de ponta, a unidade garantirá um rigoroso controle de qualidade, eficiência energética e práticas produtivas sustentáveis, reafirmando nosso compromisso com a inovação e a responsabilidade ambiental.

A previsão da inauguração da unidade está mantida para março? Qual o impacto que o empreendimento terá na economia da região de Conceição de Jacuípe, onde ela será instalada?

Sim, a previsão de inauguração para março está mantida, e estamos trabalhando intensamente para cumprir esse cronograma. O impacto econômico na região de Conceição de Jacuípe será significativo. A fábrica irá gerar, em seu pleno funcionamento, 400 empregos diretos e mais de mil empregos indiretos, promovendo o desenvolvimento socioeconômico da região. Nossa empresa servirá como um elemento catalisador, movimentando matérias-primas, mercadorias e produtos. Recebemos parceiros técnicos, contratamos fornecedores para prestação de serviços de forma contínua e pontual em diversos setores e geramos uma onda de atuação comercial no mercado com parcerias, promoções e ações nas lojas de nossos clientes e parceiros. Dinamizamos a comunicação com presença nos veículos regionais e locais e estabelecemos colaborações estratégicas em eventos. Além disso, a chegada da São Braz impulsionará parcerias com fornecedores locais e ampliará as oportunidades para a economia da região.

O grupo já anunciou que, mais do que construir uma fábrica na Bahia, o objetivo é se tornar parte integrante da comunidade. De que forma esperam alcançar este objetivo?

Além do impacto econômico direto, a São Braz tem um compromisso que começa dentro da própria empresa, com a valorização de nossos colaboradores. Estamos investindo em treinamentos e capacitação profissional, promovendo o desenvolvimento pessoal e técnico de cada funcionário, o que não apenas eleva o padrão de trabalho, mas também dissemina conhecimento e qualificação na região. Essa profissionalização será um catalisador para a criação de novas oportunidades e o fortalecimento da mão de obra local. No âmbito da prestação de serviços, buscamos integrar fornecedores regionais em nossas operações, estabelecendo uma rede de trabalho que beneficia diretamente a economia local. Isso vai além das transações comerciais: queremos criar relações duradouras e mutuamente vantajosas, incentivando o crescimento das empresas locais e promovendo o empreendedorismo. Nosso relacionamento com a comunidade também se estenderá para além dos muros da fábrica. Estamos prontos para ir paulatinamente, participando de eventos locais, que contribuam para a valorização da identidade regional. Esses eventos serão plataformas para fortalecer os laços entre a empresa, a comunidade e nossos parceiros, criando um senso de pertencimento e colaboração que vai além do impacto econômico.

Como a questão da sustentabilidade vem sendo tratada pelo grupo São Braz. Quais medidas estão sendo adotadas na fábrica da Bahia para minimizar os impactos ambientais e promover práticas sustentáveis?

A sustentabilidade é um dos pilares fundamentais da nossa estratégia de negócios, com uma produção limpa, com base em energia elétrica e gás natural. Além disso, estamos implementando tecnologias e processos que minimizam o impacto ambiental. Entre as medidas, estão o uso de energia limpa, sistemas de gestão de água que reduzem o desperdício e práticas avançadas de reciclagem de resíduos industriais. Acreditamos que é possível crescer de forma sustentável e a unidade da Bahia segue este preceito, reforçando nosso compromisso com a preservação do meio ambiente.

O senhor esteve no final do ano passado com o governador Jerônimo Rodrigues para firmar uma parceria com o Estado. De que forma o governo baiano está contribuindo para o empreendimento?

O governo baiano tem sido um parceiro atuante para a concretização desse projeto. Além de oferecer condições fiscais e suporte logístico, o governo tem mostrado um grande interesse em fomentar o desenvolvimento econômico da região, o que tem sido fundamental para a nossa decisão de investir na Bahia. Essa colaboração fortalece nosso objetivo de nos integrarmos à comunidade e contribuir para o progresso do estado.

A São Braz está entre as maiores torrefadoras de café do Brasil, mas a empresa apostou na diversificação dos seus produtos para crescer. Qual foi a importância desta estratégia para a empresa atingir o patamar que está hoje?

A diversificação foi uma decisão estratégica visionária adotada na gestão de José Carlos da Silva Júnior. Ele identificou que uma empresa dependente de um único produto não teria condições de competir em um mercado cada vez mais desafiador, com a presença crescente de grandes multinacionais. Essa estratégia garantiu à São Braz maior resiliência diante das mudanças do mercado e dos desafios econômicos. Ao apostar em produtos como cereais matinais, snacks, granolas, produtos extrusados, misturas para bolo, temperos, entre outros, conseguimos atender a diferentes perfis de consumidores e expandir nossa atuação em novos segmentos. Esse movimento não apenas ampliou nossas oportunidades de mercado, mas também consolidou nossa marca como referência em qualidade e inovação. Hoje, a diversificação é um dos pilares que sustenta nosso crescimento sustentável e nos posiciona como um nome forte no setor alimentício da região.

Mesmo com um cenário desafiador, a São Braz vem apresentando boas taxas de crescimento do faturamento. O que explica esses números positivos? E quais são os maiores desafios para expandir ainda mais?

Nosso crescimento é resultado de uma combinação de fatores, incluindo a busca constante por eficiência operacional, inovação nos produtos e um relacionamento próximo com nossos clientes e principalmente um entendimento dos anseios de nossos consumidores. Investimos continuamente em tecnologia, marketing e na qualificação de nossa equipe, o que nos permite destacar-nos mesmo em cenários adversos. No entanto, expandir ainda mais traz desafios, como a necessidade de equilibrar crescimento com sustentabilidade, além de lidar com a competitividade do mercado. Continuamos focados em superar essas barreiras com planejamento estratégico e foco nos nossos valores.

Para concluir, a São Braz é uma empresa de origem familiar e criada em Campina Grande, na Paraíba. Até que ponto os desafios para se tornar uma indústria de abrangência nacional são maiores para um grupo nordestino?

Os desafios são, sem dúvida, maiores para uma empresa nordestina, especialmente em um mercado historicamente concentrado no Sudeste. No entanto, essa origem nos ensinou a sermos resilientes e estratégicos. Enfrentamos barreiras logísticas, e limitações de infraestrutura, mas transformamos essas dificuldades em motivação para inovar e crescer. Hoje, temos orgulho de ser um grupo nordestino que conquistou reconhecimento nacional, mantendo nossas raízes e valores que nos trouxeram até aqui. Essa jornada é prova de que o Nordeste tem um enorme potencial para competir e se destacar no cenário nacional.

Raio-X

Francisco Leonel Pereira Freire é graduado em Farmácia Bioquímica pela Universidade Regional do Nordeste, com MBA em Desenvolvimento Gerencial e Empresarial pela FGV. Com mais de 45 anos de experiência, iniciou sua trajetória na São Braz S/A em 1977, onde ocupou cargos estratégicos como gerente administrativo, diretor comercial e diretor superintendente. Atualmente é o diretor presidente da Indústria São Braz. Possui ampla experiência em gestão industrial, financeira e comercial, consolidada por uma formação multidisciplinar em cursos e seminários.

A Tarde

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