MPF colhe depoimentos sobre aplicação de vacinas vencidas contra Covid-19

O Ministério Público Federal (MPF) colhe durante esta semana depoimentos de servidores da prefeitura de Lucena (PB) sobre as doses vencidas de vacinas contra a Covid-19 no município. O MPF vai apurar se ocorreu “erro ou atitude deliberada” da técnica de enfermagem responsável pela aplicação, que já foi afastada. Devem ser ouvidos também o secretário municipal de Saúde, a vigilância municipal, familiares das crianças vacinadas e o prefeito de Lucena.

Além de estarem fora da validade, os imunizantes tinham a formulação para uso em adultos. A aplicação aconteceu entre dezembro e janeiro, antes mesmo das vacinas pediátricas da Pfizer chegarem ao Brasil. Adultos também teriam recebido vacinas de lote vencido.

O secretário de Saúde da Paraíba, Geraldo Medeiros, informou que pelo menos 60 crianças receberam doses do lote vencido em Lucena e que elas serão revacinadas dentro de 30 dias. Geraldo tranquilizou a população quanto à segurança da vacina pediátrica contra a Covid-19 e informou que nenhuma criança apresentou eventos adversos graves.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, visitou a cidade de Lucena na manhã desta segunda-feira (17). Queiroga disse que a ida ao município foi um pedido do presidente Jair Bolsonaro e afirmou que é preciso fazer um monitoramento rigoroso para verificar possível ocorrência de adventos adversos. Ele disse que uma das reações possíveis devido ao equívoco é a miocardite.

“Havendo qualquer tipo de repercussão, a principal e mais frequente complicação é a inflamação no coração chamada miocardia e também verificar a resposta imunológica a vacinação dessas crianças a essa vacina. Nós consideramos um erro vacinal”, declarou.

Em nota publicada à imprensa, a prefeitura de Lucena disse lamentar profundamente a falha a que a decisão foi tomada individualmente pela pessoa que fez a aplicação.

Leia o comunicado completo.

“A Prefeitura de Lucena vem, através desta, lamentar profundamente a falha executada por uma auxiliar que aplicou de forma indevida e sem autorização vacinas de combate à COVID-19 em algumas crianças de um posto de saúde da Zona Rural do município.

Esclarecemos que a decisão foi tomada individualmente pela pessoa que fez a aplicação, sendo uma falha pontual e que não partiu de determinação da administração municipal, de forma que assim que tomamos conhecimento do fato, procedemos o afastamento da responsável. Por determinação do prefeito, um inquérito administrativo foi instaurado para apurar e punir com o devido rigor os responsáveis pelo acontecido.

Além disso, a Prefeitura esclarece ainda que colocou à disposição das famílias o acompanhamento médico das crianças, que estão sendo monitoradas. A Secretaria Estadual de Saúde foi comunicada para que o Ministério de Saúde também seja informado a respeito do fato.

Até o momento, felizmente, as crianças que recebem as vacinas estão bem e não apresentam quadro adverso na saúde.

A Prefeitura está reforçando a orientação das equipes que fazem a campanha de vacinação contra a COVID e informa à população que a aplicação de vacinas infantis será feita, exclusivamente, com as novas vacinas enviadas pelo Ministério da Saúde, voltadas especificamente para uso pediátrico.”