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Conselho Tutelar repudia ataque de bolsonaristas a ônibus com estudantes: ‘Adultos absolutamente descontrolados’
Aluno foi atingido por pedra por grupo bolsonarista que participava de ato em Jundiaí (SP). Conselho Tutelar se posicionou sobre o ataque e falou em ‘enorme indignação’.
A agressão contra estudantes dentro de um ônibus do transporte coletivo, na quinta-feira (3), em Jundiaí (SP), gerou uma “enorme indignação” no Conselho Tutelar da cidade. Após a ocorrência, o órgão emitiu uma nota oficial com um posicionamento sobre o ataque contra os alunos da Escola Técnica Vasco Antônio Venchiarutti (ETEVAV).
“O Conselho Tutelar de Jundiaí vem a público repudiar veementemente a ação criminosa ocorrida hoje dentro de um ônibus urbano, sim transporte coletivo, onde adolescentes e jovens foram covardemente agredidos por alguns homens.”
Imagens mostram ataque de bolsonaristas a ônibus com estudantes em Jundiaí — Foto: Arquivo pessoal
Em outro trecho da nota, o órgão afirma que, com “enorme indignação”, teve acesso aos vídeos que circularam nas redes sociaissobre a agressão.
“Atitudes covardes como estas não poderiam passar desapercebidas, sem reação à altura por parte de uma sociedade tida como pacífica e democrática, ainda que se tratasse de forças equânimes, muito mais quando percebemos que se tratam de adultos absolutamente descontrolados agredindo adolescentes.”
O Conselho Tutelar afirma que se solidariza com os alunos e jovens atingidos e que está à disposição de seus responsáveis para ações que promovam “respeito, tolerância e educação entre as pessoas”.
Ato de solidariedade
Os alunos da Etec Vasco Antônio Venchiarutti (ETEVAV) – juntamente com mães, professores e ativistas – fizeram nesta sexta-feira (4) um ato em solidariedade aos estudantes envolvidos no episódio de agressão.
A manifestação, que também pedia segurança depois do episódio de violência, começou em frente à Delegacia de Ensino, na Escola Estadual Coronel Siqueira Moraes, e terminou na Prefeitura de Jundiaí.
Na sede administrativa do município, os manifestantes utilizaram cartazes, relembraram a agressão contra os estudantes, reivindicaram o “direito de ir e vir” e pediram intervenção da polícia no ato bolsonarista.
O que aconteceu
O caso aconteceu quando o veículo do transporte público, linha 430 ETEVAV, passou na frente do 12º GAC, onde bolsonaristas protestavam contra o resultado das urnas. Entre os passageiros estavam alunos da Escola Técnica Vasco Antônio Venchiarutti (ETEVAV).
Ao passar ao lado da concentração dos bolsonaristas, no trecho do km 53 da Rodovia Anhanguera, os estudantes gritaram palavras contrárias ao governo do atual presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ao ouvir o coro dos estudantes no ônibus, os bolsonaristas correram e passaram a cercar o veículo. Um deles (de moletom escuro e calça clara) se aproximou e jogou uma pedra no vidro, que estilhaçou e atingiu o supercílio de um dos alunos, identificado como Vitor Cotrim, de 18 anos.
Vídeos que viralizaram na internet mostram o momento em que os agressores atiram pedras e invadem o veículo para intimidar os passageiros (veja abaixo).
“Depois de terem mirado a pedra em mim, eles bateram muito no ônibus e devem ter forçado o motorista para entrar. Não tem como julgar o motorista, mas acho que ele foi coagido, acho que ele abriu a porta depois de gritarem com ele. Nessa, eles começaram a intimidar a gente: ‘Fala agora! Fala do Lula de novo! ‘E foram intimidando gente que nem tinha falado nada e só estava sentado no ônibus seguindo viagem e querendo ir embora depois de mais um dia de aula”, relata Vitor.
O estudante ainda contou que havia um carro da Polícia Militar próximo ao local. Segundo ele, os agentes não fizeram intervenções na briga.
“Eles não fizeram nada. Nada, nada mesmo. Só depois que viram que eu estava sangrando que vieram falar comigo e com o motorista. Eles disseram que, se o motorista quisesse fazer um boletim de ocorrência, eu teria que ir junto porque ia ter que fazer corpo de delito, mas foi só.”
Após o ocorrido, a Escola Técnica Vasco Antônio Venchiarutti suspendeu as aulas na sexta-feira (4) por segurança aos alunos que circulam na região, que ainda tem concentração de bolsonaristas.
Em nota, a Prefeitura de Jundiaí informou que a Unidade de Gestão de Mobilidade e Transporte (UGMT) lamenta o ocorrido e que a empresa de ônibus prestará as informações ao plantão policial para o registro de boletim de ocorrência. A prefeitura também disse que as imagens das câmeras do ônibus estão à disposição da Justiça.