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O futuro a Deus pertence!

Os políticos sempre contam com o imprevisível quando discordam que o previsível é irremediável. Leia coluna de Genésio Junior.

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Foto: Divulgação

 

Desde quando eleições viraram rotina neste país instalou-se a certeza de que os poderosos não vão servir a pior comida na mesa, mesmo que falte recursos para servir um novo prato mais à frente.

Tradicionalmente, o Estado cobra menos impostos ou finge que não cobra (refis da vida), assim como usa o que ainda guarda no cofre para dar para as camadas menos afortunadas. É aquela velha história: dá migalhas para o povão, cobra menos da classe média e dá folga aos ricos. Uma velha forma, seja à esquerda ou à direita, eles usam essa tática. Quando se trata de manter o poder, todos calçam a mesma fôrma!

Pois então. Nessa semana que se foi, o Governo do Presidente Jair Bolsonaro face aos alegados efeitos da guerra Rússia-Ucrânia lançou um pacotaço, chamado de “Programa Renda e Oportunidade”. São R$ 150 bilhões injetados na economia que vão irrigar o próximo trimestre, que termina com as convenções partidárias para as eleições nacionais de outubro de 2022.

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O problema é que na quarta-feira última, 16, o Comitê de Política Monetária do Banco Central, Copom, em sua reunião decidiu elevar o juro da taxa Selic em 1% levando a taxa anual para 11,75%, já afirmando que elevará para 12,75% na próxima reunião.

Bem, quando o Banco Central não era independente duas medidas como essa nunca aconteceriam, pois o BC fazia o que o Governo Federal queria. Pelo que vimos nessa semana, o Planalto quer colocar dinheiro circulando enquanto que o BC quer menos dinheiro na praça.  Uma coisa meio maluca.

Sobra crítica para todo mundo. Ao governo que deseja dar um refresco quando deveria ter feito algo melhor antes, que vai muito além da guerra no leste europeu, basta ver como nosso país vinha sofrendo mais que muitos outros com a inflação mundial e ao Banco Central que insiste em enfrentar sozinho a inflação, fazendo o que não deveria, política monetária. Nos Estados Unidos, que também aumentou os juros, coisa que não fazia desde 2015, a economia está crescendo cheia de dinheiro e a fórmula para deter a inflação foi retirar dinheiro da praça, incentivando os mercados financeiros.

Na prática, muita gente vai pegar essa grana que está sendo permitida pelo Governo Federal para pagar contas que tendem a ficar mais caras com o juro que vai estar na praça. Mesmo com as renegociações que serão permitidas, isso é certo, não há dúvidas que muita gente vai se endividar mais ainda.

Na prática, vamos ver um refresco e depois novo sufoco à espera que a guerra passe, que a gasolina deixe de subir e que a inflação recue. O futuro a Deus pertence, como se sabe.

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Os políticos sempre contam com o imprevisível quando discordam que o previsível é irremediável.  Parece ser uma tolice dar crédito a essa postura dos políticos, mas não raro vemos as coisas mudarem, sim! Nem sempre um economista correto vai nos fazer mais feliz que um político intrépido!

É certo, também, que a intrepidez de um político não deve ser associada com uma leviandade contumaz.

O Governo Bolsonaro, a partir de seu chefe, tem sido mais leviano e irresponsável que seus antecessores.  O que fez isso flagrante vem a ser esse momento bipolar de nossa gestão econômica, vista nessa semana que passou. Vamos iniciar a semana vendo como o mercado viu essa manobra, no relatório Focus, também do Banco Central, que vai ser divulgado neste início de semana – o tamanho desse contraditório.

Pelo jeito, só resta aos poderosos da vez contar com a velha história de que o futuro a Deus pertence!

Por Genésio Araújo Junior, jornalista.

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