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Cultura & Arte

“BWV 988: Trinta Possibilidades de Transgressão” no CCBB BH

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Espetáculo de dança contemporânea estreia em Belo Horizonte em curta temporada

Nos dias 04, 05, 06 e 07 de agosto, o CCBB BH recebe o espetáculo de dança contemporânea “BWV 988: Trinta Possibilidades de Transgressão”, concebido pelo pianista Gustavo Carvalho (Brasil), pela coreógrafa e bailarina Jacqueline Gimenes (Brasil) e pelo artista visual François Andes (França). Pedro Pederneiras assina a direção de luz. O espetáculo, que teve a sua estreia mundial na Bélgica, durante a Bienal de Mons 2018, realiza a sua estreia em Belo Horizonte.

O principal impulso para a criação do espetáculo foram as Variações Goldberg BWV 988, obra maior do compositor barroco alemão Johann Sebastian Bach. A coreografia foi concebida respeitando o discurso musical e utilizando no seu desenvolvimento o resultado de pesquisas realizadas em torno do conceito de transgressão na sociedade contemporânea. O espetáculo reúne três nomes importantes da música, da dança e das artes visuais: o pianista mineiro Gustavo Carvalho, que desenvolve vasta carreira como solista e camerista no Brasil e no exterior, a bailarina Jacqueline Gimenes, vencedora do Prêmio Klauss Vianna de Dança, e o artista visual francês François Andes, um dos principais nomes do desenho contemporâneo europeu.

O processo de trabalho utiliza a transgressão como ponto de abertura e instabilidade, a partir da troca de experiências e do diálogo entre os artistas, sob a forma de micro-residências com a participação do público no polo experimental do Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea e nos hospitais psiquiátricos da Colônia Juliano Moreira (Rio de Janeiro). Durante esses períodos, em paralelo à uma imersão no universo musical, visual, cênico e coreográfico do espetáculo, os artistas propuseram um intercâmbio com o público, por meio de performances e workshops. O resultado dessa interação com o público foi, em seguida, integrado ao trabalho. Essa permeabilidade voluntária da obra, que incita-nos a aguçar o olhar e a escuta com relação às normas e às possibilidades de transgressão e proporciona uma reflexão sobre o transgressor e o transgredido, também se dá na concepção permeável dos cenários e figurinos em constante mutação durante o espetáculo, assim como nas restrições impostas por objetos utilizados pela bailarina, sempre desafiada a criar novos padrões de movimento numa relação dinâmica com a música e com a própria concepção de coreografia.

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O cenário e figurino foram elaborados a partir de desenhos realizados por François Andes em diálogo com os outros dois artistas. “Olhar para a noite como uma paisagem virgem, habitada por uma vegetação densa e por uma fauna infinita de seres imaginários. A percepção da insônia como tempo/espaço para penetrar esse universo, assim como uma fronteira entre o real e o imaginário, o visível e o invisível, o consciente e o inconsciente. Noites brancas, vistas como a possibilidade de encontro com as nossas inquietudes e angústias existenciais, mas também com os nossos fantasmas e pulsões. Este reino das sombras, onde o que mais tememos é estar confrontado com a gente mesmo”, afirma o artista francês.

 

A encenação

O cenário do espetáculo é criado a partir dos desenhos realizados pelo artista visual François Andes baseados no princípio técnico do “cadavre exquis”: um jogo, inventado na França, em 1925, pelo movimento surrealista, no qual se subvertia o discurso literário convencional. A série de desenhos foi concebida por Andes de forma a poder ser completada indefinidamente, tratando-se de um desenho sem fim, encontrando o princípio arquitetônico utilizado por Bach na composição das Variações Goldberg.

Através da superposição de texturas, os desenhos constituíram um “storyboard” da narração, trazendo impulsos para o desenvolvimento da dramaturgia, direção e coreografia do espetáculo, assim como base para a construção de elementos cênicos, figurinos e da atmosfera de cada uma das variações.

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Desta forma, diversos elementos presentes nos desenhos foram transformados em elementos cênicos, criando uma paisagem labiríntica onde o piano também é integrado como elemento cênico, contribuindo com a metamorfose do personagem através do espetáculo.

Programação Complementar

Além da temporada do espetáculo, a produção ainda irá oferecer uma programação complementar inteiramente gratuita, que inclui duas oficinas e um bate-papo. No dia 05 de agosto, logo após a apresentação, o público terá a oportunidade de participar de um bate-papo com o elenco e com Maria Raquel Fernandes, diretora do Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea. A concepção do espetáculo foi desenvolvida durante dois períodos de residência, realizados entre 2018 e 2019, no Museu localizado na Zona Oeste do Rio de Janeiro. As residências incluíram trocas de vivências e experiências com usuários e egressos do sistema mental de saúde, assim como com profissionais da Colônia Juliano Moreira e moradores da região. O processo criativo se inspirou nessas trocas como ponto de abertura e instabilidade. “Dessa forma, num espetáculo que aborda questões ligadas à luta antimanicomial na sua reflexão sobre as noções de transgressão, a presença da psiquiatra Maria Raquel Fernandes enriquecerá bastante o debate sobre o papel da arte na luta antimanicomial. O trabalho que vem sendo desenvolvido pelo Museu Bispo do Rosário Arte Contemporânea na ressignificação do território ocupado pela antiga Colônia Juliano Moreira é de grande relevância”, ressalta Gustavo Carvalho.

Nos dias 04, 05 e 06 de agosto (sexta a domingo), haverá a oficina Transgressão dos Limites do Papel com o artista visual François Andes. A partir do princípio técnico do “cadavre exquis” (cadáver esquisito), utilizado como impulso para a criação do cenário e dos figurinos do espetáculo “BWV 988: Trinta Possibilidades de Transgressão”, o artista visual francês François Andes propõe uma oficina de desenho à múltiplas mãos, voltada para adolescentes e adultos.

O “cadáver esquisito” foi um jogo, inventado em 1925, na França, pelo movimento surrealista, no qual se subvertia o discurso literário convencional. O “cadáver esquisito” tinha como propósito colocar na mesma frase palavras inusitadas, utilizando-se da seguinte estrutura frásica: artigo, substantivo, adjetivo e verbo. Outra curiosidade a respeito do método é que este agrega mais de um autor. Cada um deles intervém da maneira que deseja, porém, dobrando o papel para que os demais colaboradores não tenham conhecimento do que já foi escrito anteriormente. François Andes transpõe essas regras para a prática do desenho. Desta forma, a oficina propõe a construção de desenhos à várias mãos em colaboração com os participantes. No processo, os traços da margem de um desenho se tornarão os pontos de partida de outro desenho, o qual pode ser ligado ao primeiro e, ao mesmo tempo, pode ser independente. As questões que nortearam o processo criativo do espetáculo servirão de impulso para a criação dos desenhos.

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Oficina “A Transgressão dos Limites do Papel”

Horário: 04 e 06 agosto, das 14h às 17h e 05 de agosto, das 10h às 13h

Local: Teatro II – CCBB BH

Vagas: 25

Inscrições: via formulário publicado no perfil @arsetvita

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Já nos dias 02 e 03 de agosto, acontece a oficina de expressão corporal “Transgressão: construção e desconstrução dos limites do corpo”, com Jacqueline Gimenes, que tem como objetivo permitir ao público participante uma imersão no universo de pesquisa realizado para a concepção do espetáculo “BWV 988: Trinta Possibilidades de Transgressão”. Através de exercícios de expressão corporal e do uso da trilha sonora do espetáculo, a oficina busca investigar os limites a serem transpostos pelo próprio corpo e as possibilidades de encontro e afastamento deste com o ambiente que o contorna.

Oficina de dança “Transgressão: construção e desconstrução dos limites do corpo”

Horário: 10h às 12h

Local: Teatro II – CCBB BH

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Vagas: 20

Inscrições: via formulário publicado no perfil @arsetvita

 

Sobre os artistas

Jacqueline Gimenes  – coreógrafa e bailarina

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Jacqueline Gimenes é coreógrafa, bailarina e professora de dança contemporânea. Como bailarina, dançou em importantes companhias brasileiras: no Grupo Corpo (1991-2005), na Companhia de dança do Palácio das Artes, no Ballet da Cidade de São Paulo e no Grupo Raça. Atuou como intérprete em projetos independentes como “Amor Fati” (2006) e “Procurando Schubert” (2009), com direção e concepção de Fabio Mazzoni, e direção coreográfica de Sandro Borelli e Mario Nascimento. Em 2007, atuou como bailarina para o espetáculo “Prop.Posição # 1” com coreografia e concepção de Adriana Banana. Em 2010, é contemplada pelo Prêmio Klauss Vianna para o espetáculo “6 instantes de solidão”, coreografado por Rodrigo Pederneiras. Em 2003, participou como intérprete do filme “As cinzas de Deus”, dirigido por André Semenza e com direção coreográfica de Fernanda Lippi.

Em 2012, fez a direção artística e coreográfica do espetáculo “Quem sou eu?”, selecionado pelo Fundo Municipal para circulação em 2014. Entre 2006 e 2012, atuou na ONG Corpo Cidadão, como gestora e coordenadora dos Grupos Profissionalizantes de música, percussão, moda e dança. Em 2013, participou do documentário da montagem do espetáculo TRIZ do Grupo Corpo, como assistente de direção. Em 2014, atuou como assistente de direção artística da SPCD – São Paulo Companhia de Dança. Em 2015, atou como coreógrafa e intérprete no espetáculo “A história de um soldado”, de Igor Stravinski, com direção artística de Fábio Mazzoni. Em 2018-2019 foi a coreógrafa e intérprete no espetáculo “BWV 988: Trinta Possibilidades de Transgressão”. Em 2021, realizou a vídeo performance “Recoloca-me”, no SESC Piracicaba. Em 2022-2023 está participando da exposição “Marc Chagall: sonho de amor”, através da Performance de dança na “Air Fountain”, obra de Daniel Wurtzel (CCBB). Atualmente, atua como artista independente e como professora e coreógrafa.

Luiz Gustavo Carvalhopianista

Gustavo Carvalho é pianista e curador. Tem se apresentado em importantes salas de concerto: Tonhalle de Zurique, Palau de la Musica de Barcelona, Musikverein de Viena, Auditorium du Louvre, Théâtre du Chatelet de Paris e a Grande Sala do Conservatório Tchaikovsky de Moscou. Em 2011, realizou a integral das 32 Sonatas de Beethoven em Belo Horizonte. Solista de diversas orquestras, tocou sob a regência de Ira Levin, Howard Griffiths, Yuri Bashmet e Evgeny Bushkov, dentre outros. Como camerista, colaborou com os violinistas Geza Hosszu-Legocky e Daniel Rowland, os pianistas Nelson Freire e Elisso Virsaladze, a soprano Eliane Coelho e com membros das Orquestras Filarmônicas de Viena e Berlim.

Como curador, vem apresentando pela primeira vez no Brasil importantes nomes do cenário fotográfico internacional, como o fotógrafo Antanas Sutkus (Lituânia), Serguei Maksimishin (Rússia) e James Iroha Uchechkwu (Nigéria). Entre as recentes curadorias realizadas destacam-se as exposições Antanas Sutkus: um olhar livre, a qual percorreu 16 cidades brasileiras, dentre as quais destacam-se Curitiba (Museu Oscar Niemeyer), São Paulo (Instituto Tomie Ohtake) e Belo Horizonte (Fundação Clóvis Salgado); A União Soviética através da câmera, em Curitiba (Museu Oscar Niemeyer), no Memorial da América Latina (São Paulo) e no Paço Imperial (Rio de Janeiro); Arthur Bispo do Rosário: a alguns centímetros do chão, no SESI SP; Verger e Carybé: entre as duas margens do Atlântico, no SESI SP eTravessia do desastre, em Curitiba (Museu Oscar Niemeyer), entre outros.

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Luiz Gustavo é co-diretor artístico do Festival de Música e Literatura Contemporânea Zeitkunst em Berlim (Alemanha). Nos últimos anos, o Zeitkunst Festival apresentou-se em Paris (Centre Pompidou), Belo Horizonte (Oi Futuro) e Rio de Janeiro (Escola de Artes Visuais do Parque Lage).

Luiz Gustavo é ainda co-fundador, curador e diretor artístico do Festival Artes Vertentes – Festival Internacional de Artes de Tiradentes, criado em 2012. Como diretor artístico do festival, teve a oportunidade de colaborar com artistas de renome internacional, como Hilal Sami Hilal, Cildo Meireles, Adélia Prado, Maria Valéria Rezende, Ricardo Aleixo, Jacqueline Gimenes, Teuda Bara, Grace Passô, Samir Odeh-Tamimi, Mônica Salmaso, André Mehmari, Cristian Budu, Daniel Rowland e outros.

François Andesartista visual

Nascido em 1969, François Andes vive e trabalha no norte da França, em Faches-Thumesnil. Em 2017, foi o artista em destaque de um dos maiores salões do desenho contemporâneo, o DDessin17. François Andes utiliza o desenho e a performance como linguagens no seu trabalho visual. Em 2010, apresenta a performance Des neuf sortes de territoire.  Em 2011, participa da exposição L’esprit du lieu ao lado de C. Lévêque e A. Fleischer no Centro de Arte Contemporânea LabLabanque, em Béthune.

Em 2014, cria Le singe qui lèche (O macaco que lambe), performance de 12 horas para as Noites Brancas de Paris (Nuit Blanche, Paris). É ainda artista em residência em Mons, no âmbito do Mons – Capital Cultural da Europa. Em 2018, François Andes realizou uma residência de pesquisa e criação no Institut Français de Ho-Chi-Mihn (Vietnã) e foi também artista em residência da Fundação Mons 2025, onde participou da 1ª Bienal de Arte Contemporânea, em setembro de 2018. Em 2021-2022, participou da exposição individual “A travessia de desastre” no Museu Oscar Niemeyer (Curitiba, Brasil). Entre 2021-2022, teve a retrospectiva das suas obras exibida no Centro de Arte Contemporânea Labanque em Béthune (França).

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Circuito Liberdade

O CCBB BH é integrante do Circuito Liberdade, complexo cultural sob gestão da Secretaria de Estado de Cultura e Turismo (Secult), que reúne diversos espaços com as mais variadas formas de manifestação de arte e cultura em transversalidade com o turismo. Trabalhando em rede, as atividades dos equipamentos parceiros ao Circuito buscam desenvolvimento humano, cultural, turístico, social e econômico, com foco na economia criativa como mecanismo de geração de emprego e renda, além da democratização e ampliação do acesso da população às atividades propostas.

 

Serviço

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BWV 988: Trinta Possibilidades de Transgressão
Datas e horários: 04 a 07 de agosto, às 20h

Sessão e bate-papo com audiodescrição: 05/08 (sábado)

Local: Teatro I – Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte – CCBB BH (Praça da Liberdade, 450 – Funcionários)

Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia), disponíveis no site bb.com.br/cultura ou na bilheteria do CCBB BH

Classificação: 12 anos
Duração: 70 min

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Bate-papo com Jacqueline Gimenes, Gustavo Carvalho, François Andes e Maria Raquel Fernandes

Data: 05 de agosto – sábado

Horário: Logo após a apresentação do espetáculo

Local: Teatro I – Centro Cultural Banco do Brasil Belo Horizonte – CCBB BH (Praça da Liberdade, 450 – Funcionários)

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Oficina de dança “Transgressão: construção e desconstrução dos limites do corpo”, com Jacqueline Gimenes

Data: 02 e 03 de agosto (quarta e quinta)

Horário: 10 às 12h

Local: Teatro II – CCBB BH

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Vagas: 20

Inscrições: via formulário publicado no perfil @arsetvita

 

Oficina “A transgressão dos limites do papel”, com François Andes

Datas: 04 a 06 de agosto (sexta a domingo)

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Horário: 04 e 06 agosto, das 14h às 17h e 05 de agosto, das 10h às 13h

Local: Teatro II – CCBB BH

Vagas: 25

Inscrições: via formulário publicado no perfil @arsetvita

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