Economia
Vencedor do Nobel em Economia, Daniel Kahneman revela segredos ao investir
Em entrevista à Inteligência Financeira, Daniel Kahneman, psicólogo premiado pelo Nobel, elencou duas regras básicas ao investir
Daniel Kahneman é vencedor do famoso Prêmio Nobel em Economia. Psicólogo e economista, aliás, é um renomado especialista na área de economia comportamental. Mas ele mesmo questiona o rótulo ao afirmar que os chamados “experts” devem atender a regras básicas para serem confiáveis.
A primeira delas, e talvez a mais importante, é: “não confiarem em sua intuição”. Essa frase foi dita pelo próprio especialista a nós, da Inteligência Financeira, ao ser questionado sobre como o investidor deve abordar o mercado “de forma inteligente”.
De acordo com Kahneman, a inteligência financeira é “muito bem explicada pela ciência de economia comportamental”. Ele listou uma série de regras e um estudo que mostra o “ruído” entre especialistas em investimentos.
Nobel em Economia: ‘se você não consegue adivinhar, não tente’
Nós da Inteligência Financeiraentrevistamos Daniel Kahneman durante o FebrabanTech 2023, principal feira de tecnologia do mercado financeiro. O psicólogo israelita-americano foi convidado para palestrar no evento.
Para Kahneman, portanto, ter inteligência financeira é um jogo de intuição. Ele afirma que o investidor é esperto quando não confia em palpites “em um ambiente onde não há regras”, como o mercado.
Acredito que existam algumas regras (para investir com inteligência). A mais importante delas é: não confie em sua própria intuição”, afirma Kahneman. Para especialista, a economia comportamental esclarece tão bem essas regras que “tira todo o mistério” de como investir com sagacidade.
A segunda regra de Daniel Kahneman para ter inteligência financeira é a seguinte: “se você sabe que não consegue adivinhar, então você não deve tentar. E isso fará bem a você”.
Existe um “ruído” no mercado financeiro, diz Kahneman
Em sua palestra, Kahneman discursou sobre o tópico de seu mais recente livro, lançado em 2021. A obra, entitulada “Noise, a Flaw in Human Judgement“, exemplifica sobre discordâncias, chamadas pelo autor de “ruídos”, entre especialistas no campo em que atuam.
Quando questionado pela reportagem como o livro estudou ruídos no mercado financeiro, Kahneman disse que há um grau de discordância entre especialistas em investimentos. “Alguns analistas (no estudo) deram um valor para um mesmo investimento. O grau de diferença nas respostas foi entre 40% a 50%”.
O percentual de discordância é semelhante quando Kahneman conduziu um estudo com juízes norte-americanos sobre diferentes sentenças para um mesmo caso. “Onde há julgamento humano, existe esse ruído. E ele pode levar a erros de análise”, diz.
Mas o Nobel em Economia é mais otimista sobre consertar os erros oriundos de ruídos. Ele explica que, ao contrário de pessoas, empresas e organizações tendem a “higienizar decisões”, porque agem de forma mais metódica e lenta.
E volta a criticar os “experts” do mercado: “não existem regras no mercado de ações. Qualquer um que tenha uma intuição sobre o mercado de está mentindo ou errado.”
O que Daniel Kahneman diz sobre Inteligência Artificial?
Se, por um lado, o psicólogo tem uma visão positiva sobre o erro humano, por outro é mais pessimista ao abordar Inteligência Artificial.
O Nobel em Economia diz que a IA deve aumentar a precisão de diagnósticos e prever problemas com mais acurácia. Isso vale tanto para medicina quanto para o mercado financeiro, explica.
“O que acontece: se tivermos a opção entre escolher um julgamento humano baseado em uma intuição e uma análise de uma IA, quem favorecer o humano terá uma performance pior”, afirmou em um auditório lotado de assessores, analistas e agentes do mercado financeiro.
Apesar do pessimismo com o futuro, Kahneman esclareceu que “humanos ainda devem tomar grandes decisões” nas décadas a seguir. “Por exemplo, grandes investimentos”.
Por fim, o Nobel em Economia explicou que seu campo de estudo pode dar pistas de como a humanidade pode conviver com a Inteligência Artificial: “a economia comportamental tem um papel importante de sugerir em como mudar nosso padrão de comportamento em finanças. Sobretudo, de como mudar o comportamento humano.”